terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Bruxaria Tradicional e Instituições Religiosas



Atualmente pessoas estão mais em busca pela religiosidade alternativa, por locais/ grupos, que promovam ferramentas que lhe proporcionem respostas, para que elas questionem suas verdades, questionem seus objetivos, questionem suas crenças e caminhos; se traçarmos a raiz da questão, muitos não sabem o que realmente buscam, quem são em essência, não conseguem entender a sua espiritualidade solitariamente, não diferenciam o que é um caminho e acreditam por estarem insatisfeitos a partir de uma busca sem frutos, pois nem todos estão dispostos a romper limites, partem para o uso generalista de rótulos devido a falta de especialidade no estudo de crença, algumas destas pessoas partem para a rebeldia, partem para as críticas e reclamações, acham que o pouco que sabem é o suficiente para entender qualquer benefício que uma coletividade pode oferecer ou quaisquer outros benefícios do partilhar. Temos percebido o imenso mar de erros em definições, da falta de cultura histórica, arqueológica, antropológica, cronológica e tantas outras cadeiras acadêmicas, que são substituídas pela ignorância de ego, dos ditos “especialistas no assunto” que começaram ontem, e que hoje falam da tradicionalidade como se isso fosse apenas um verbete para Ordem Iniciática ou baseados em livros que embora tratem do tema, são totalmente desconectados do princípio de crença tradicional, livros escritos por autores que viveram numa época de disputas de ego sem qualquer relação com a essência da Bruxaria Tradicional; temos até autores que pagam com recursos próprios para que seus livros sejam publicados, ou seja, sem interesse das editoras, tamanha a oferta por livros esotéricos. É claro o descontentamento com as religiões neo-pagãs, a causa pode estar baseada na pseudo auto suficiência, deixando muitos em caminhos solitários, como se bruxaria realmente fosse um prêmio para rebeldia, para ofensa a sociedade, como se bruxaria fosse um faz de conta, onde se junta conceitos da Wicca já tão distorcidos pelos auto iniciados, que juntam conceitos de Thelema, de Satanismo, criam uma religião “monista” voltada ao “bode preto” e se enganam como também confundem àqueles que buscam um caminho sincero. Existe muita ilusão no termo “Sangue de Bruxo”, que um bruxo já nasce bruxo, e tantos e tantos conceitos debatidos por mais de três décadas, logicamente estas pessoas não entendem a diferença de vocação e conhecimento, não entendem que aprender é melhor do que ser um pleno ignorante, e ainda mais, que o universo vai se abrir, e muitos outros mundos vão surgir, pelo simples fato do tal hereditário ter sangue de bruxo, esquecendo logicamente do conhecimento e da vivência, do treino, das caminhadas incessantes, é simples! Sangue de bruxo igual a Pó de Piripimpim, se assim o fosse também deveríamos adquirir os famosos “dons” de profissão, teríamos muitos engenheiros, advogados, matemáticos, etc. formados todos no além. Reparamos no grande desserviço dado pelos atuais textos sobre Bruxaria Tradicional, pois além da crítica e do total desconhecimento do fundamento básico da crença, cruzam com informações de outras linhas religiosas, com termos filosóficos clássicos que cabem dentro da religiosidade do mundo antigo europeu, e com isso fica claro a mescla de conceitos modernos para antigas religiões, ou seja, mera distorção. A desinformação é crescente, e ela não invade somente a internet, ela também se alastra por livros, visto que tão pouco se investe em pesquisa acadêmica, tão pouco se é levado a sério pois se trata unicamente de pessoas ligadas ao esoterismo e sua preocupação é apenas o comercio, entretanto não estamos preocupados com o certo ou com o errado, não estamos focados nos que se dizem bruxos ou nos que se dizem hereditários, o foco religioso e prático acontece fora do virtual, como filosofia de vida, cultuando a natureza na Natureza, conservando o conhecimento muito além da década de 50, entendemos que tradicionalidade é muito diferente de Ordem Iniciática, como muito além de qualquer fator genético, e que este conhecimento é ancestral e não atemporal, como também não advém de pesquisas dos tais mecanismos “sérios” da internet e TV a Cabo ou das ilusões astrais que muitos sonham em tramitar e que não passa de uma fantasia egóica. Cabe falarmos de peregrinação, de sangue de bruxo, de aperfeiçoamento? Onde fica o ponto de partida? A resposta é clara! Com uma busca sincera, por conhecermos as nossas crenças com propriedade, buscando conceitos que lhe ajudem em sua caminhada, e aonde se encontra isso? Nas ditas ordens, instituições e conselhos que alguns criticam sem terem a devida vivência. O ponto sempre continuará a ser dito, o que é Bruxaria Tradicional? Alguns acreditam que seja um apanhado de crendices sem nenhuma relação ou sistema ligado a costumes e folclores de um povo e sim uma famosa mistura eclética, confundindo Bruxaria Tradicional com Crenças Tradicionais, unindo o Egito com a Dinamarca, logicamente remetendo aos delírios esquizotéricos sem fundamentos acrescentando dados do período medieval já encharcado da depreciação cristã e os circuitos voltados ao famoso beijo no traseiro do bode preto, essa dita “cosmo visão” bagunçada é apenas uma forma leviana e simplória dos resquícios da santa inquisição, que foi basicamente um filme de terror para assustar àqueles que desafiavam o poder, que era a Igreja Católica. Pois bem, queremos esclarecer ao leitor, que nesse período, a era trevosa do período medieval, é a designação grotesca que o catolicismo rotula bruxaria como satanismo, se assim não o fosse, não teríamos tantos relatos e escritores que se dizem tradicionais usando preto e vermelho e colocando tantos simbolismos com o famoso bode preto, de bruxas deformadas com roupas negras ou que utilizasse de uma origem remota na babilônia, berço dos famosos contos de demônios. Para os que não conhecem o termo tradição, é o conhecimento transmitido de geração a geração, um bruxo tradicional é aquele que conserva o conhecimento ancestral e esse conhecimento está impregnado de filosofia, costumes, folclore, crença, sem isso não se tem tradicionalidade, ela não vem do sangue corpóreo e sim do vínculo da transmissão de conhecimento. Sem tradicionalidade não se torna um bruxo tradicional, e para ser um dentro desse segmento não basta a mão de alguém na cabeça o nomeando, é preciso muito entendimento, muita dedicação. Acreditamos que para falar de uma religião você deva ser praticante, deva ter um idealismo bem maior que seu próprio umbigo, por isso a existência de federações, associações e conselhos, mas não para discutirmos simplesmente crenças ou práticas, para dentro de ideais conquistarmos muito mais que textos em blogs e propagandas pessoais. A visão tradicionalista prega a conservação de valores, entre eles o termo familiar, um termo que remete a fraternidade, para o que faltam conceitos, bruxaria tradicional sempre foi institucionalizada, muito diferente do termo bruxaria familiar ou hereditária, por esta e outras questões se faz necessário, não para unir a todos, mas somente aqueles que são propriamente peregrinos e que desejam ir a fundo e com seriedade.Aos que desejam caminhar com seriedade, nós do Conselho de Bruxaria Tradicional, viemos para unir praticantes e grupos, não estamos aqui para coibir crenças, mas para dar suporte aos nossos iguais, que desejam um caminho pagão, politeísta tal como os povos que habitaram a Antiga Europa, tal como as crenças pré cristãs longe de qualquer depreciação católica, retirando qualquer ranço de outras religiões, sejam elas ocidentais a partir do cristianismo na Europa, sejam estas de origem oriental. Um caminho claro em que todos podem aprender independente de sangue de bruxo ou títulos para engrandecer egos, buscamos de forma fraterna ajudar àqueles que desejam ser auxiliados, compartilhando e multiplicando ações, desenvolvendo potenciais, estimulando e reconhecendo nossos iguais.

Fonte: Conselho de Bruxaria Tradicional (CBT)
Autor - Ricardo DRaco


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