As pessoas perguntam o que seria peregrinar, têm dúvidas, pois não compreendem o porquê não se pode simplesmente tornar-se um bruxo ou pisar o ponto final de uma hora para a outra através de algumas mudanças de atitude e crenças ou através de uma iniciação. A resposta é simples, não há como tornar-se um bruxo superficialmente! Seja pelo sangue ou por um dom presenteado. É necessário labuta, lapidação, mudança nos padrões de pensamento, na ideologia... E não somente na forma de se vestir, de se expor ou impor-se. Um bruxo é o resultado das conseqüências sofridas por suas ações, tentativas e aprendizados, e não de um conhecimento simplesmente assimilado e mal aplicado.
A peregrinação se faz necessária, as etapas se fazem necessárias. É importante tropeçar e observar as mudanças lentamente ao longo do trajeto. A transmutação é lenta e o impacto é grande em sua vida. Ideologias e paradigmas desmoronarão e se não houver uma base firme, o espírito ruirá ou se perderá no caminho, sem saber por onde voltar e como prosseguir.
A Sabedoria é conquistada com a prática do conhecimento, imaginem então o quão moroso é ser sábio se para a própria conquista do conhecimento é inevitável esmerar-se numa tortuosa batalha.
No decorrer da peregrinação uma nova ética se levanta! A luta contra o ego se torna diária e o peregrino aos poucos retoma o cabresto de sua vida. Aos poucos o que antes era indispensável torna-se um detalhe mesquinho facilmente abandonável. O poder pessoal começa a brotar conforme o caminhante escolhe as cartas a lançar de seu próprio baralho. O Ato de Poder deixa de ser um raro acontecimento e toma lugar na rotina dos afazeres.
Os diversos seres começam a percebê-lo de outra forma: mais consciente - mais unificado e fluídico; menos egoísta e destrutivo - mais compreensivo e aberto aos segredos da existência; menos impulsivo e reativo - mais participativo e compreensivo. O respeito ministrado e adquirido se torna uma característica tão implacável e evidente que possibilita o acesso aos diversos mundos sem a represaria tão comum aos defensores de uma ética dualista.
O bem e o mal são analisados de uma forma mais ampla e não no contexto vão da palavra e insignificante das conseqüências visíveis. Torna-se o bom senso uma sabedoria que guia e facilita ver além, onde residem os complicados propósitos universais. A vida transcende a atmosfera interna da bolha de sabão, que explode, dando ao peregrino a sua liberdade incondicional e o direito de atravessar a porta para uma nova etapa, onde a responsabilidade é muito mais do que um joguete da mal compreendida lei de ação e reação.
Peregrinar é experimentar, saborear lentamente o conhecimento, desde a semente mais doce a mais amarga, deixando brotar dentro de si a sabedoria que crescerá conforme o alimento que lhe for oferecido. Os frutos nascerão podres ou saudáveis, e da forma como se apresentarem atrairão lindos pássaros ou cairão... Perecerão perdidos no solo para que sua essência seja devolvida ao lugar de onde veio. Estes frutos são o resultado do “amadurecer - peregrino” na medida em que transmutou seu conhecimento em sabedoria e aprendeu a extasiar-se à mera observação da beleza de toda a criação.
Somente pode-se chamar de Bruxo, aquele que peregrinou e permitiu-se experimentar os segredos que guardam a poeira da estrada, levantada pelo vento.
Fonte: Peregrino Matheus
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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Palavras de uma lontra alada....
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Belo texto, consegue trasmitir com simplicidade os significados da vida.
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