quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Misantropia

Tem dias que me sinto dando murro em ponta de faca. Vejo as atitudes das pessoas, ouço as palavras proferidas e tudo me incomoda. E de repente me vejo sufocada envolto a tudo que mais me entristece e enoja nesse mundo. E tudo que eu mais evito em mim, se intensifica nos outros como se me tentasse, me perturbasse. E eu com meu péssimo hábito de querer consertar tudo, controlar tudo... entro em estado tenso em ebulição. Minha língua cortante logo se agita, meus olhares afiados se  adiantam às minhas intenções e tudo vira explosão.
Quase um T.O.C. isso, mesmo crendo que cada um tem seu tempo de aprendizado, me incomodo! Me incomoda saber que já passei por isso tudo, saber que vai dar a maior merda e não poder falar nada sem parecer que estou julgando ou criticando.  Toda a intenção de ajudar, de evitar e alertar se torna um tremendo mal estar grosseiro, onde a errada sempre sou eu em proferir palavras mal ditas.
Como não interferir? É como ter uma chave e não poder usar e ver alguém o tempo todo esmurrando a porta! Como ter um segredo e a menor chance de reparti-lo causar um desconforto universal...
Sempre que tento ajudar há uma recusa, uma teimosia alheia que me irrita e machuca tanto, e eu não entendo como não fica claro o que eu vejo. Me sinto perdida nessas horas, sozinha...diferente. Me sinto excluída da tal sociedade a minha volta...e me pergunto: Seria eu a errada?Será que existe isso de certo ou errado? NÂO! Definitivamente não creio nisso, cada coisa depende do seu ponto de vista para estar certo, então nem tudo está certo...ou errado. Certo? Aff... que  ambíguo isso.
Não me sinto errada! E isso fortalece um tanto a minha fé nas minhas atitudes e intenções de ajudar as pessoas. Evolução? Sei lá... parece presunçoso pensar assim. Ao mesmo tempo não pensar assim, vai contra o que acredito sobre o estar aqui para aprender e ser melhor! Como negar minha própria evolução depois de tudo que passei e batalhei? Só olhar pro passado e ver as enormes batalhas que enfrentei para pensar e saber o que sei... isso me fez crescer nitidamente, poderia eu me negar essa condição?Talvez não seja mesmo presunção, apenas uma afirmação do que sou. Cara, como já fui babaca também... como já fiz merda nessa vida, talvez até por isso hoje esteja tão intolerante a certas infantilidades e futilidades do mundo cotidiano.
Mas isso serviu para mim certo? Será que de fato serviria aos outros? Será que conseguirei conviver com as pessoas que aparentemente nem querem ou se incomodam em se superar?
Porque os erros alheios tem me incomodado tanto? Como não julgar? Como não me meter? Como ter paciência com o tempo alheio sem interferir no meu tempo?
Como não querer bater em todo mundo o tempo todo? Moldar os que amo...
Não posso! Não devo, não tenho todas as respostas, longe de mim pensar assim... mas e o sentir? Como engolir? Como não reagir? Ignorar esse incomodo que cresce e me engole.
Hoje acordei querendo gritar ao mundo tudo que ando pensando sobre ele e as pessoas que o habitam... Mas não posso. Devo me segurar, devo mergulhar em uma profunda introspecção e ver onde tudo isso pode me moldar. Devo me calar ao mundo, silenciar a mente e acalentar o coração... gritar não é a resposta pra nada. Não tenho esse direito e talvez seja esse o ensinamento que o universo vem me propor nesse momento... o calar! O Aceitar!
Hoje não quero brigar, hoje não quero agredir, hoje não quero mentir sobre o que estou sentindo... até porque meus olhares me denunciariam... pois estou vertendo verdades mergulhada em uma profunda misantropia.
Hoje quero caminhar sozinha pela sombra em silêncio... ouvir o som do vento e aprender com a calmaria das folhas. Hoje preciso da liberdade dos pensamentos para expurgar tamanha contradição. Hoje preciso estar invisível para caminhar entre tantas divergências pessoais.

Quero delicadamente entender o método de cada um, sem me envolver. Respeitar! E desejar amor, e sorte... e sorrir... sim, quero sorrir ao fim de tudo que me incomoda. E aprender... Aprender a não desistir daquilo que não me quantifica. 

Cuidando do meu jardim...


Finding Silence