segunda-feira, 20 de maio de 2013

Coração tranquilo...

"Tu não tens nascimento, morte ou mente. Liberdade e confinamento, bem e mal não te afetam. Por que choras, criança? Nem tu, nem eu, temos qualquer nome ou forma. Óh mente! Por que vagueia perplexa, como um fantasma? Entende o Eu, que é incapaz de divisão. Abandona o desejo e sê feliz.."


terça-feira, 14 de maio de 2013

!!


Conferência nos EUA sobre ciência psicodélica destaca uso da ayahuasca


Ecstasy contra estresse pós-traumático, LSD para dor de cabeça, psilocibina no tratamento do tabagismo. Uma antiga utopia de hippies e alternativos sessentões se tornou realidade. Depois de décadas de perseguição, os alucinógenos estão na mira de cientistas do mundo do todo, interessados no possível potencial dessas substâncias para tratamentos diversos. O uso terapêutico da ayahuasca vem ganhando espaço no mundo inteiro; estudos sugerem que o chá pode ajudar em casos de depressão e dependência
A conferência reúne mais de 100 dos principais pesquisadores de 13 países, que apresentarão as descobertas mais recentes sobre os benefícios e riscos de diferentes substâncias psicoativas, como ibogaína (que faz o usuário sonhar acordado), ketamina (anestésico veterinário) e maconha.
As palestras e workshops deram destaque para estudos sobre o potencial terapêutico da ayahuasca, beberagem de origem amazônica usada em rituais indígenas e em cultos religiosos brasileiros, como Santo Daime e União do Vegetal.
Nunca se pesquisou tanto esse tema, diz a antropóloga brasileira Bia Labate, professora visitante do Programa de Política de Drogas do Centro de Pesquisa e Ensino Econômico - Cide, em Aguascalientes, no México. Ela é consultora do Maps (sigla em inglês para Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos) e diz que o evento é "o maior encontro internacional da história entre estudiosos do campo da ayahuasca".
Segundo ela, houve uma explosão de interesses sobre a natureza,  e os efeitos e usos do chá psicoativo. "Depois de uma longa jornada de perseguição e banimento pelos colonizadores, seguido pelas políticas proibicionistas de drogas, observamos a propagação de rituais da ayahuasca em toda a Europa e América do Norte, e uma enorme expansão no estudo científico dessa substância", relata.
O eixo do evento voltado para o chá psicodélico, coordenado pela antropóloga, reúne 30 apresentações de pesquisas, um dia de workshop, exibição de filmes e debates em torno de questões como segurança, ética e comercialização do uso da ayahuasca no chamado 'turismo espiritual'. Com recorte multidisciplinar, inclui perspectivas de neurociência, neurobiologia, psiquiatria, farmacologia, etnofarmacologia, etnobotânica, psicologia, saúde pública, epidemiologia, antropologia, direito e educação. "São pesquisadores do Brasil, EUA, Canadá, Alemanha, Espanha, Peru e México", acrescenta a antropóloga.
"Em sua maioria, apresentações abordam o ritual e os usos clínicos dessa substância no tratamento de várias doenças e enfermidades, como a depressão, e especialmente seu papel no bem-estar psicológico, qualidade de vida e na formação da identidade", prossegue Labate. Outra abordagem relevante são as investigações dos efeitos da ayahuasca como complemento para a psicoterapia em casos de dependência química.
É esse, aliás, o campo de atuação do brasileiro Dartiu Xavier, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo, onde também é diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad). O psiquiatra, que é um dos palestrantes na conferência norte-americana, participa atualmente de vários estudos sobre o tema, entre eles um de avaliação neurofisiológica dos efeitos agudos da ayahuasca (dosagens de hormônios no sangue e eletroencefalograma), e outro que trata dos sintomas depressivos e ansiedade em usuários do chá amazônico.
"Esta conferência abrange todos os alucinógenos, mas tem uma ênfase especial na ayahuasca, pelo fato de aparentemente ser uma substância de uso seguro, e que não causa dependência, além do fato deste uso estar aumentando no mundo inteiro nos últimos anos", argumenta Xavier.
Ele vê com otimismo o crescimento do interesse cientifico nos psicodélicos em geral. "Vários grupos de cientistas no mundo estão de olho nesse tema, estamos para começar um destes estudos aqui no Brasil", informa o psiquiatra. "Estamos elaborando uma pesquisa que pretende investigar o uso terapêutico de alucinógenos em dependentes de cocaína e crack, sendo um deles com ayahuasca e outro com ibogaína". O psiquiatra, entretanto, explica que falta ainda a aprovação dos comitês de ética.

Outro destaque do congresso são os estudos que investigam o uso da ayahuasca como antidepressivo, dos brasileiros Dráulio de Araújo, especialista em neuroimagens, e Sidarta Ribeiro, neurocientista, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. "Investigamos dois processos cognitivos modulados pela ayahuasca: mudança do foco da atenção para processos internos e a potencialização na criação de imagens visuais mentais. Os dois estudos foram realizados usando a imagem funcional por ressonância magnética", descreve Xavier.
Depressão
Parte dos resultados, segundo ele, contém indicações do potencial de uso da ayahuasca como antidepressivo. Há um estudo piloto sendo conduzido no Brasil (em fase final), com a participação dos pesquisadores da UFRN, sob a coordenação do psiquiatra Jaime Hallak, da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. "As conclusões são bastante animadoras", comenta Araújo.
A segunda fase da pesquisa será coordenada pela equipe da UFRN. "Pretendemos utilizar vários marcadores biológicos (bioquímicos, eletroencefalografia, imagem por ressonância magnética, avaliações neuropsicológica e psiquiátrica) para fazer uma avaliação mais abrangente sobre esse suposto potencial no tratamento de pacientes com depressão", detalha o neurocientista.
Receio
Mas para pesquisadores mais ortodoxos ainda faltam algumas etapas para que o uso terapêutico de alucinógenos se torne um fato. É o que defende Arthur Guerra, diretor do Programa de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da USP (Universidade de São Paulo). "Vejo essas experiências com muita reserva", diz. "Qualquer conduta que não seja suficientemente comprovada oferece riscos".
Guerra reconhece a qualidade e o avanço das pesquisas nesse campo, mas se diz de outro time. "Sou da ala mais clássica". Após a fase de diagnóstico do dependente químico, segundo ele, em geral são identificados outros problemas, como fobia, depressão e outros, por isso sua opção ainda é por tratamentos convencionais. "São mais seguros", diz.
Embora na outra margem, o neurocientista Draúlio de Araújo concorda com o cuidado sugerido por Guerra. Para ele, qualquer medicamento novo passa por várias etapas de testes para que sejam avaliados seus benefícios e riscos. "O processo é, e deve ser, exatamente o mesmo nos casos de qualquer substância psicoativa".
Também participam das apresentações sobre ayahuasca os pesquisadores Gabor Maté, médico canadense nascido na Hungria, especializado no estudo e tratamento de dependência, o francês Jacques Mabit, diretor do Centro Takiwasi em Tarapoto, no Peru, dedicado à  reabilitação de dependentes químicos com ayahuasca e práticas tradicionais de cura, e José Carlos Bouso, psicólogo clínico do Programa de Pesquisa de Neurociências do Hospital del Mar Research Institute.

Há outras ervas mestras presentes nesse documentário:

segunda-feira, 6 de maio de 2013

But tonight, I'm cleanin' out my closet...

E como as fases da lua, tudo se molda e modifica... vai e vem, começa e termina, da voltas inesperadas...e  nos coloca de novo frente ao que pensávamos já ter abandonado pra sempre...e de repente, o equilíbrio vai se instalando e a clareza leva o temor do novo embora. A brisa fria afaga meus cabelos anunciando que o período de luto já passou, que agora é só renovação e construção.
Aceno para meus ancestrais que brindaram comigo o ontem, um baú de infinitas descobertas que em minhas raízes sepulcram...
É hora de abrir as asas e se preparar para novos voos, novos amores, novas descobertas de mim, enfim... 
Sou! Sim, senhora do fogo sim... aprendi a acende-lo dentro  e fora de mim... Acendi a fogueira com meus desejos mais profundos e sinceros, penetrei na mata noite adentro acompanhada de meus pedaços espalhados por toda parte daquele céu maravilhado de pontinhos e nuvens de algodão. Sim, o céu também se surpreende com a beleza ao seu redor...e é nessa hora que tudo lá no alto parece mais perto e tocável, quase como um manto em nossos ombros em dia de grandes ventanias... 
Compartilhei do canto dos bichos e do silêncio das folhas e com meus olhos também respirei, e em meus lábios o sabor da mãe anunciou serenidade. 
Queimei o passado, acenei para o presente e me esqueci do futuro. Eu agora era o ali, o agora em si é o que mais importava, eu era como um sentimento... intenso e enorme... eu era amor, amor sem dor, amor sem limite, amor sem culpa ou necessidades... eu apenas ERA. 
Com as fadas e gnomos me enfiei entre os galhos das árvores caídas e brinquei de sorrir, mergulhei no jardim da minha alma e  redescobri  o gosto pelo imaginário concreto. E senti que a minha poesia me reencontrava e beijava. Liberta de antigos véus... 
Não precisava fazer sentido, eu apenas ERA, lembra? 
O que há de sentido em nós, em sermos? Realmente nada em nós é abstrato e ilusório? Então o que realmente importa? Eu fui... me joguei e cultivei. E como uma avenca eu me alastrei e fui feliz. Como trepadeiras eu ascendi! Firmei minhas pegadas e as transformei em minha ações, minhas orações... minhas súplicas de outono... folhas secas caídas em pequenas ondulações versadas... minhas certezas e desatinos transpareciam por todos os poros. Insana que sou, comunguei da beleza do permitir, do aceitar e dividir. Do não impor, do observar com os olhos bem fechados e os ouvidos atentos! Realmente não devemos ouvir os absurdos alheios? ou devemos estruturar tanta banalidade absorvida em busca da seiva divina?!?
Absorvi, sorvi e degustei cada gota do seu ser, da sua saliva distinta e objetiva... entorpeci e assim, sonhei com um mundo realmente melhor... onde a verdadeira bondade não estava em doar e sim dividir...e quanta diferença eu entendi dessas duas semelhanças... Nunca foi tão fácil explicar quem sou ou a que vim... foi tão simples admitir... um raro momento antes do adormecer, ou seria despertar para um novo amanhecer? Em caminhos já pisado e esquecido pelo mecanismo de proteção, portas que na verdade nunca se fecharam, janelas que no fundo, nunca existiram... rostos e corações de quem nunca de fato me separei. 
E quem de fato pode enxergar entre as chamas e ver um mundo todo? Derramar  sem destruir, purificar ao exalar. E nessa ousadia, me convidei a dançar  sobre as pedras pontudas, tamanha suavidade e leveza, que me impediam de me machucar... em minhas coxas continha a melodia da noite prometida e ansiei banhar-me em puras águas .. águas que refletiam o espelho do verdadeiro ser, os segredos e mistérios de todo buscador; Peregrina que sou, entreguei-me à arte de sonhar... desbravei meus próprios muros e contemplei um lindo jardim florido. 
Ao abrir meus olhos, vi o sol deitar sobre mim, e confortavelmente se encaixou em minhas curvas soltas no mato frio... acariciou minha face com uma intimidade infinita. Cegou-me com seu sabor adocicado como mel, e tornou-me mais uma vez parte da sua imensidão. Entre lágrimas e gratidão, me despedi de mim, aquele mim que  nem assim, poderia eu definir. Magia e sedução em comunhão... o respeito negado à minha personificação!! Essência expandida no silêncio deserto. 
Perfeita epifania...