domingo, 29 de março de 2020



Hj senti saudade de mim há 10 anos atrás, algumas coisas pareciam tão fáceis. Lembro que o que eu mais fazia em meus dias era sentar diante dessa tela em branco e vomitar todos os sentimentos do mundo, seja em tons de poesia, cartas, conversas intensas... ou mesmo pura e simplesmente desapegos e lamentos para compor meu blog diário.
Era tão fácil me apaixonar, era tão fácil achar reciprocidade no amor... o que aconteceu com o amor nesses 10 anos? O Que aconteceu com o meu coração? Será que a experiência realmente é uma benção quando se trata de amor? Ou será que essa tal experiência criou uma camada tão grossa e segura, que hoje em dia só passa por ela muito na marra... e não tem muita gente disposta ou forte suficiente pra passar por ela. To tão cansada de me enganar com o amor... de esperar por uma lista perfeita de característica que me completam, me alegram... me transborde daquela felicidade verdadeira e pura. Tão cansada de sair armada e preparada para qualquer ferida. Saudade de ver inocência nos olhares desses lobos em pele de cordeiro que me tocam como um bife suculento e dispensável.
Eu quero continuar acreditando no amor. Eu quero sim me apaixonar e me doar, me misturar e me permitir explodir em prazeres vívidos... mas o mundo realmente anda muito complicado pra isso. Porque as pessoas não se abalam mais em machucar um coração? Será que o egoísmo tomou tamanha proporção no mundo a ponto de vencer o amor?
Quando a gente aprende a se amar, a se preservar, a saber exatamente o que nos faz bem ou não... vamos ficando cada vez mais silenciosos e caminhando sozinhos. Isso é fato. E isso não deveria bastar? Não deveria de fato nos completar? A Paz e sossego daquela contemplação pessoal, não deveria ser suficiente para preencher todas as lacunas de uma vida? Não... transcender sem a dor da solidão é praticamente ilusório. Ela fortalece e nos deixa alerta, ela nos prepara para os dias frios e vazios... o amor próprio nos forra, camufla e afaga nos momentos mais difíceis... mas e naqueles dias de sol em que vc olha o horizonte com aquele sorriso cálido no rosto, aquele brilho no olhar que transparece calma e atenção... e quando esse olhar se perde em tamanho universo de opções e sabores? E quando o corpo já não quer mais estar calmo e pacífico? E quando a alma almeja uma provocação, uma contrariedade de tudo que já está pintado na tela criada meticulosamente por opção. Esse lado obscuro que me atrai de querer tudo que me machuca e me move contra a maré... círculos viciosos de uma mente apaixonada pelo proibido e complicado. O Fácil não me atrai. Pq aos meus olhos a perfeição do mundo reside nos meus desejos saciados, usufruídos e contemplados ao máximo. Sim, aquela intensidade e profundidade que reside la no fundo, explode, implode... me sacode e me cobra uma nova caminhada qdo me vejo sentada na sombra daquela árvore famosa... sossegada com o vento beijando a face e o sol abraçando a pele...
Hoje o peito está apertado, magoada mais uma vez com a ação (ou seria falta dela) de alguém que reagi com todo carinho e amor que plantei dentro de mim, com a esperança de ser a carta curinga, o sorriso certo. O Choro tá preso, pq essa mágoa foi chave pras recordações de todas as mágoas desses anos todos superados e curativados... As recordações são como um livro infinito de sentimentos pulsantes que unidos transbordam em pesar, até o alívio chegar.
Agora, nesse momento choro por você, por ele, por ela, por todos esses outrens que passaram e não ficaram em minha vida. Hoje dediquei um tempo do meu amor pra lembrar de todos, de tudo que foi vivido e perdido. Lutei pra transformar toda dor em luz pra cada uma dessas oportunidades de aprendizados que passou pela minha vida. Tantos rostos, tantas histórias... tantos fins e começos... que rogo aos céus para serem transformados em esperança e persistência de continuar buscando esse pedaço que me falta.
Até lá me fortaleço... me permito chorar e me despedir de mais uma parte de mim que não me serve mais... Mais uma Janaina que fui e não gostei... uma Janaina que eu analisei e identifiquei o que deu errado, e no que ela podia ser melhor. Hoje silenciei grito e o transformei em conforto. Hoje perdoei essas pessoas que nos derrubam no chão e nem se abalam, ou percebem o que fazem com seus egos absurdamente grandes.
Hoje diante de tamanha gravidade acontecendo no mundo, um mundo em cativeiro reaprendendo o que veio se perdendo por séculos de burrices e descasos... me vejo valorizando pequenas coisas dos meus dias... dos meus sonhos, dos meus dons adormecidos, das minhas alegrias esquecidas... hoje após o choro que lava a alma convoco o sorriso suspiro, que ecoa entre notas musicais... melodias de amor sincero e singelo... me cerco em novas possibilidades e esperanças de a cada dia estar mais perto da clareza das águas raras. Hoje vivo apenas o hoje... sem grandes expectativas e futuras frustrações... hoje só quero que toda a energia flua e libere todos os sentimentos e sensações desconfortáveis do meu corpo. Hoje faço do meu abraço casa. Hoje quero que o amor que sobra em mim emane para todo mundo, que seja suficiente pra causar um suspiro em cada coração apertado e agoniado. Porque amanhã... ahhh amanhã eu quero estar pronta pra amar de novo... pra buscar em novos olhares, em novos sabores e sorrisos o meu sorriso.