quinta-feira, 14 de abril de 2011

Fadas


As Fadas, figuras femininas, etéreas, imortais e mágicas, ligadas ao Destino - Fada, de Fata, do latim Fatum, que é Fado ou Destino - costumavam, em tempos antigos, ser vistas e invocadas em número de três, e estarão relacionadas com as três Parcas do Destino, ou Moiras, filhas de Zeus e de Témis (a Justiça Divina): são Elas Cloto, que fia o fio da vida, Átropos, a que corta o fio da vida com uma tesoura de ouro, e Laquésis, que atribui o quinhão de sorte a cada um.

Também as Mães célticas, constantes nas inscrições galo-romanas, aparecem em número de três, bem como a Deusa MORRIGAN, Grande Rainha (Mor, Grande + Rigain, Rainha) nas Suas facetas de Morrigu, Nemain e Badb Catha, ou Macha. Pensa-se também que a helénica HECATE, Deusa das Feiticeiras, Se representa em forma trinitária.

Na tradição portuguesa, as Fadas aparecem de supresa aos viajantes, nos caminhos, e concedem a certos predestinados o conhecimento de segredos que lhes permitirão encontrar tesouros escondidos, tais como panelas ou púcaras de moedas de ouro. Impõem testes de coragem e inteligência àqueles que com elas de cruzam e concedem, aos que passam nas provas, o disfrute de fabulosas e incomensuráveis riquezas.

Estão de tal modo associadas ao acto de fiar, que aparecem quase sempre como fiandeiras, estando este facto na origem da expressão «mãos de fada», aplicada a mulheres que sejam hábeis em trabalhos de agulha. O linho por estas entidades fiado, é, como se esperaria, sem falha alguma.

Nas localidades de Caratão-Mação e do Sardoal, fala-se em «Janas», mulheres de baixa estatura, invisíveis, fiando um linho muito fino e sem nós». Acredita o povo que, se deixar na lareira o linho acompanhado de dádivas - pão e vinho - este linho será pelas Janas fiado, de noite.


No Algarve, pronuncia-se «Jãs» ou «Jans», e também se crê que se se colocar um pedaço de linho juntamente com um bolo, ao pé de uma lareira, no dia seguinte o linho estará tão fino como um fio de cabelo.
(sou uma fada... kkkkkkkk)
As Janas ou Jãs portuguesas são semelhantes às Xanas das Astúrias, mulheres de cabelo longo e pele muito clara, dançando e cantando nos bosques e nos prados, visíveis, talvez, ao pôr do sol, quando os últimos raios do astro rei brilham por entre as árvores...

Provavelmente, estas Janas ou Xanas derivam o seu nome e natureza da Deusa DIANA, Senhora do Bosque e da Lua, caçadora virgem, que guarda distância relativamente aos homens e é amiga das mulheres.

Em textos eruditos, literários, é frequente apresentar-se a Fada como casamenteira, juntando pessoas pobres, orfãs, desprotegidas, a príncipes ou a princesas.
Pode isto relacionar-se com um desejo de ascenção social por parte da burguesia letrada, pois que, no seio do povo dos campos, de tradição porventura mais arcaica, a Fada revela nada mais do que tesouros escondidos.

Sendo o sete um número frequente nas tradições populares, possivelmente relacionado com a Lua, aparece estritamente ligado à figura da Fada num verso do Romanceiro Geral citado por Teófilo Braga, e, a partir daí, por Adolfo Coelho numa sua obra etnográfica, e por Aurélio Lopes, na obra «Tempo de Solstícios»:
Sete fadas me fadaram
No colo de madre minha
Fadaram-me por sete anos
Sete anos e um dia



(Retirado dos arquivosda Clan)

4 comentários: