sábado, 7 de maio de 2011

Arte Celta


Os Celtas possuíam uma atração comum pelas "formas movimento", baseadas em sobreposições e formações de linhas curvas e espirais, destoando de qualquer lei de simetria e instigando a mente criativa do observador; Os conceitos se mantinham no limite em que as formas naturais se tornam irreconhecíveis. Estilizações recheadas de estruturas lineares dominadas pelas torções e um senso de transformação contínuo sem fim onde formas transformam-se me outras, sugerindo uma matemática quase musical e própria. Assim se desenham suas idéias decorativas. 


A arte Celta tem origem em períodos anteriores à grande invasão centro-européia onde a fusão de diversos povos foi aos poucos acrescentando elementos característicos, entretanto, foi no período que compreende as culturas Hallstatt e La Tène (800 a.C. até o último século do Império Romano do Ocidente) que obteve destaque histórico, quando no domínio da manipulação do metal, artefatos robustos e de caráter duradouro venceram a barreira do tempo e da degradação natural.

Em especial, pelo período avançado e pela forma como se desenvolveu, a arte de La Tène influenciou a arte do metal em todo o Centro e Ocidente da Europa e em vasta região desde os Cárpatos até o coração da Ásia (com alguns achados de sua penetração na China). La Tène se espalhou pelas margens do Rio Reno, estendendo-se pela França e penetrando todo o Noroeste da Península Ibérica, Grã-Bretanha e Irlanda.
Arte de La Tène - fase II (300 a.C.)
As grandes invasões romanas foram responsáveis por ofuscar uma boa parte do que se desenvolvia, mas não conseguiram exterminar a cultura La Tène que aos poucos ressurgiu liberta de algumas das influências clássicas romanas. São notáveis e elegantes os vasos e caldeirões metálicos, estampando entre outros, asas de corpo de quadrúpedes e diversas armas (mais comumente o punhal e a espada).

Era costume ainda entre os Gauleses e os celtas da Grã-Bretanha portar escudos de madeira decorados com ferro e adornos de bronze, além dos clássicos capacetes pontiagudos ou redondos. Entre os adereços pessoais foram encontrados braceletes, axorcas, as fíbulas (como as antigas lúnulas irlandesas) e os típicos colares usados pelos homens (torques).

Foi no século IV a.C. com o desenvolvimento do estilo de La Tène, que o aumento à abstração curvilínea foi notável. Já no século seguinte, devido algumas influências aparece um terceiro estilo, caracterizado por arabescos de motivos vegetais combinados com alusivas esquematizações zoormóficas, que alcançaram na Grã-Bretanha (durante o quarto estilo - I a.C.) um alto grau de esplendor.
Escudo de Wandsworth
Os ornatos, de inspiração naturalista, num enlace harmonioso de curvas, volutas e círculos, evidenciam-se pelo seu forte relevo, que lhes aumenta a importância plástica. Citemos, entre os exemplares famosos pertences a esta fase (todos eles atualmente no Museu Britânico), o escudo de Wandsworth, o de Battersea, encontrado no Tâmisa e decorado com botões esmaltados, o espelho de bronze de Desborough, em cujo reverso está finamente gravado um harmonioso desenho de folhagem enrolada.

A ornamentação repuxada indica uma imaginação sutil, como exemplo a peça denominada “caldeiro de Gandestrup” descoberta na Dinamarca (para onde teria sido levado durante o século II ou I a.C., época, em que toda a arte céltica sofreu uma rápida evolução). Outro exemplo representativo são os numerosos espólios de túmulos encontrados nas margens do Reno médio e na Borgonha. Na França, especialmente no Sul, na Provença, os celtas deixaram os exemplares mais representativos da sua arquitetura e da sua escultura, artes que contrastam, pelo caráter rudimentar, com a finura e a originalidade que encontramos na ornamentação do metal.
Caldeiro de Gandestrup
Caso o leitor tenha interesse, uma série de artefatos de La Tène e seus dados arqueológicos podem ser consultados através do endereço http://www.sheshen-eceni.co.uk/icenian.html. É difícil encontrar os motivos do por que um grupo étnico tão importante como o dos celtas nos deixou tão poucas obras de arte, principalmente se considerarmos a extensão gigantesca que sua cultura atingiu.


Referência bibliográfica:
FRAZER, Sir James George. O Ramo de Ouro. Zahar Editores S.A., Rio de Janeiro, 1982.
CÉZAR, Júlio. Comentários Sobre a Guerra Gálica. Coleção Universidade de Bolso. Ediouro, Rio de Janeiro – RJ.
SALVAT EDITORA DO BRASIL. História da Arte, Tomo 3. São Paulo, 1978.
ENCICLOPÉDIA MIRADOR.
 
Conselho de Bruxaria Tradiconal

Nenhum comentário:

Postar um comentário