sábado, 7 de maio de 2011

A virtude da Paciência by Lontra Voadora



Ando analisando o que vivemos hoje e tenho percebido a nossa impressionante
 falta de paciência! E mais crítico ainda, as novas gerações formadas por nós
 estão crescendo sem se quer entender o significado do que seria "paciência".

Acostumamos a disfarçar nossos medos com a superficial volutibilidade,

 espelhamos em cada ação nossa pressa e ansiedade irracional com maestria
 e perfeição... E tudo isso, simplesmente para que não tenhamos tempo suficiente
 de lembrar que já a algum tempo, nos perdemos em nossa descumunal
 abstração.
Falta paciência...

Diante à vida, Falta-nos compreender que o tempo monstruoso e caçador

 implacável resume-se numa ilusão dimensional poética e metafórica... 
Pois que andemos então devagar... Em passos curtos, suaves e graciosos 
que nos propiciem o dom de observar... Assistir aos acontecimentos
 confortavelmente sem interferir com disparates precipitados; Agindo
 somente no momento certo e se assim for inevitável ou conveniente.

Falta paciência para deixar determinados fatos esgotarem-se por si. 

Que as feridas sangrem até que a cura seja realmente eficaz, muitos 
dos remédios que decidimos adotar tornam-se venenos crônicos para
 nossa saúde mental, polarizam e disseminam síndromes que passam
 de idéias viscosas ao soma que nos veste.

Falta paciência quando agimos por violência e sempre que executamos

 instintivamente em defesa de nosso "self"egóico... Quando mentimos 
para não ter que explicar o porque de justificarmos cada uma das
 agressões com nossa filosofia rudimentar.

Falta paciência para pensar, ler, escrever e aprender... Devoramos

 formas-pensamento sem digerí-las, escrevemos no piloto automático
 frases completas e vazias! Misturamo-nos em meio às nossas idéias
 transtornadas e enlouquecidas num rítmo tão frenético que em pouco
 já não sabemos mais quem somos e onde estávamos. Nos perdemos 
dentro de nós por não ter paciência de se quer perceber que a saída não
 é uma porta... Começa num movimento voluntário, um simples passo
 que depende apenas de vontade própria.

Falta paciência para esperar que a natureza trabalhe, que o universo 

transforme... Maturar e ignorar as imiscuidades viciosas... Ouvir o 
ruído trafegando em suas senóides pelo ar, em muitas vezes disparado
 pela voz de outros tentando se comunicar de uma forma mais sincera,
 menos plástica... Temos que re-aprender a desenhar nossas idéias 
antes de expressá-las num aborto prematuro... Impomo-nos pelo tom
 de voz, sobrepomo-nos ao outro... Induzindo com gestos agressivos todo
 o sentimento dissecado pela peso da atmosfera, evaporado pelo calor
 que impregna cada centímetro de pele! Tanto para tão pouco ou quase 
nada! Simplesmente para ver reluzir o caos em nosso avesso.

Enfim: "sempre falta paciência", mas não aquela paciência em conceito

 tão pequenininha que confundimos com o ato de aturar, respeitar ou
 engolir a seco evitando explodir em emoções! Falta da paciência que 
brota nas virtudes profundas... Saturada da certeza de que nada daqui 
tem importância o suficiente para lhe açoitar a paz... A paciência 
condicionante intrínseca do saber que lhe desafia num choque frontal 
gritando na tua face que nada do que lhe ocorre é real... Eterno... E se 
você preferir, necessário.


[...] Toda a dor é uma produção mental... A mente é a 
verdadeira cadeia do homem... [Autor desconhecido]

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