domingo, 4 de dezembro de 2011

Caio Fernando Abreu... sempre...



"Porque fé, quando não se tem, se inventa.

No fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia.

Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates...

Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois.

A vida é agora, aprende.

Quando você sente saudade demais de uma pessoa, então começa a vê-la nas outras, em todos os lugares.

Mas a gente nunca pode julgar o que acontece dentro dos outros.

Às vezes penso que tornam de propósito as coisas mais duras do que realmente são, só pra ver se eu reajo, se eu enfrento.

Eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer.

Hoje pensei sério: se me perguntassem o que mais desejo na vida, não saberia responder. Quero tudo.

É preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro.

A verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou, depois de tudo. Porque alguma coisa ficou.

Eu não procurei, não insisti. Contive tudo dentro de mim até que houvesse um movimento qualquer de aceitação. Quando houve, cedi.

'Hoje eu estava assim, mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse.

Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis.

Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais." 





Caio F. Abreu: Porque fé, quando não se tem, se inventa...

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