"Um dia, eu quis ser dente-de-leão.
Desses que nascem em qualquer quina, em qualquer esquina, em qualquer calçada.
Eu quis ser insistente, como quem rompe o asfalto para provar ser existente.
Eu quis ser dente-de-leão para acabar na mão daquela criança que foi até a esquina buscar a bola, ou que corria atrasada pra escola, E assim ser arrancado do solo áspero e ser soprado, Libertado, Liberado no ar como uma alegria certa pra renascer em lugares diversos.
Sim, eu quis ser ar, eu quis ser verso.
Um dia, eu quis ser livre em meio às ruas da cidade, Eu quis ser livre. Um dia, eu quis ser."
(Arthur Netto)
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