terça-feira, 9 de julho de 2013

Keep out - um enorme cansaço



"Tenho uma mania irritante. 

Quando alguém está chateado, brabo e nervoso, fico chamando atenção. 


Fico alertando que a pessoa está chateada, braba e nervosa. Como se ela não soubesse. 
Ela grita, e aviso que ela está gritando.
Ela esperneia, e aviso que está esperneando. 
Fico em cima como mosca. 
Fico narrando o mau humor como uma partida de futebol.


Momento a momento. Frase a frase. Cada lance da partida. 
"Vê como está pessimista?" "Olha o que está dizendo?" "Para que tanta ofensa?"
Fico descrevendo o azedume como se fosse Pedro Ernesto Denardin.
Quem não está legal não vai se recuperar nunca com a pressão. Tende a piorar.
Quem está triste acaba mais triste com o excesso de perguntas.
Não permaneça em cima observando de lupa, que o desespero aumenta. 




É básico: quem está triste precisa se isolar um pouco. Respeite. Saia de perto.



Mas sou tão irritante que quando a companhia já dá sinais de recuperação, eu pergunto se já passou a raiva. 
Para que lembrar?


Sempre que a gente pergunta se o outro melhorou, ele se indigna novamente.


Não volte ao assunto.


 Não seja a voz do aeroporto do desastre."  (Capinejar)

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