"Tenho uma mania irritante.
Quando alguém está chateado, brabo e nervoso, fico chamando atenção.
Fico alertando que a pessoa está chateada, braba e nervosa. Como se ela não soubesse.
Ela grita, e aviso que ela está gritando.
Ela esperneia, e aviso que está esperneando.
Fico em cima como mosca.
Fico narrando o mau humor como uma partida de futebol.
Momento a momento. Frase a frase. Cada lance da partida.
"Vê como está pessimista?" "Olha o que está dizendo?" "Para que tanta ofensa?"
Fico descrevendo o azedume como se fosse Pedro Ernesto Denardin.
Quem não está legal não vai se recuperar nunca com a pressão. Tende a piorar.
Quem está triste acaba mais triste com o excesso de perguntas.
Não permaneça em cima observando de lupa, que o desespero aumenta.
É básico: quem está triste precisa se isolar um pouco. Respeite. Saia de perto.
Mas sou tão irritante que quando a companhia já dá sinais de recuperação, eu pergunto se já passou a raiva.
Para que lembrar?
Sempre que a gente pergunta se o outro melhorou, ele se indigna novamente.
Não volte ao assunto.
Não seja a voz do aeroporto do desastre." (Capinejar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário