BRUXARIA TRADICIONAL - O Início da Bruxaria Tradicional
Não iremos falar sobre a idade da pedra, de como o homem acendeu sua primeira fogueira e que isto tenha sido o primórdio da Bruxaria, podemos até entender o momento mágico no qual mudou a sociedade naquele momento, mas sem a visão poética dizemos que isto foi evolução, tal como no campo da teologia o desenvolvimento das crenças nos elementos da sociedade perante as forças da natureza, na relação da caça e plantio com o Sol, com a Lua, com o ciclo das Chuvas, e subsequente na personalização em Deuses.
Devemos entender que todos esses fatos são apenas princípios de crença, uma realidade que nos levou ao entendimento do que é espiritualidade e de como esse fenômemo chegou aos nossos dias atuais.
Ter conhecimento de crença ou mítico não lhe faz um bruxo, saber da sua sacralidade não lhe faz um bruxo, isto o torna um ser espiritualizado, mostra que acredita que existe algo maior do que suas próprias pegadas na terra, mostra interação com o princípio mágico/ religioso e como lida com essas questões dado ao mundo invisível (oculto).
A prática de crença é diversa, desde contemplação até rituais complexos, formando diferentes percepções de visão de mundo, derivando as questões antropológicas que remetem ao folclore, o desenvolvimento mitológico, costumes e práticas religiosas.
Temos visto muitas afirmações tal como o poder feminino ao qual o homem usurpou, esta argumentação do poder espiritual é defendido por décadas pelo neo-paganismo, porém a história, tem nos mostrado que os impérios matrifocais são basicamentemíticos, que a maioria dos relatos registrados são da realização masculina, impérios e civilizações tendo homens no poder, isto esta na história, não se trata da briga entre os sexos e muito menos base de culto para nenhuma senda centrada nas questões espiritualistas.
Existem alguns poucos mitos, que mencionam que o poder espiritual estava na mão de uma determinada deusa e depois passou a ser de um deus, tal como também temos algumas narrativas de deusas passaram a dominar alguma situação, este talvez seja o mais fabuloso entendimento da mitologia, as relações de troca, de mudança, de aprendizado e que o valor consiste nas funções e energias e não nos atributos fisiológicos.
Também devemos entender a não nos basearmos em apenas um mito para afirmarmos que a mulher era a passiva e dona do lar e o homem sempre o caçador e guerreiro, temos que entender como cada continente, cada sociedade e cada momento na linha de tempo demonstram essas relações, exemplos mitológicos? Vamos a eles, para alguns Ogum foi quem criou a agricultura, para o judaísmo foi Abel, para os historiadores teses baseadas nas sociedades coletoras e assim por diante.
As sociedades rurais, as que lidavam com a terra, são muito amplas, para algumas o homem deve plantar e a mulher colher, tal como o rito sexual, e isto acontece devido aos procedimentos e entendimentos religiosos presentes e passados de geração a geração, isto chamamos de ancestralidade do conhecimento, o conhecimento por si só é apenas o repassar desses relatos, quando entramos na parte prática, que chamamos de vivência do mito, da vivência do conhecimento, ai sim temos o tão grande contento transmutador que chamaremos de sabedoria.
A sabedoria não nasce pura e simplesmente tal como um estralo, ela nasce da vivência do conhecimento, ter conhecimento do termo sabedoria não lhe torna sábio, se assim o fosse bastaria escrever um livro de nome sabedoria para se tornar um sábio! Isto a nós parece bem óbvio! De igual forma todos buscamos uma peregrinação d´alma, um caminho sábio, o que nos remete consideravelmente por um caminho ancestral, a um caminho mítico, a jornada do louco no Tarô, e nessa busca sempre chegaremos a algumas etapas, o auto conhecimento, o entendimento da jornada e o objetivo; no objetivo também encontraremos um fator comum, para nós espiritualistas encontrar a Deus ou Deuses e nos unirmos a eles, alguns ainda encontrarem a divindade interior que os aproximem da figura objetivo.
Na Bruxaria Tradicional não poderia ser diferente, ela segue uma peregrinação baseada em sua ancestralidade, primeiramente ligada ao conhecimento passado, de mestre a aprendiz, seja homem ou mulher, aliás a Bruxaria Tradicional não se perde na briga dos sexos, não evoca o poder feminino, ela evoca o poder da natureza em seus múltiplos ciclos. O poder ancestral de sua própria natureza, ou seja, aqueles que vieram e deixaram seu legado.
Ninguém nasce sabendo, pois tudo é aprendizado, a cada passo, nenhum homem nasce completo tal como nenhuma mulher nasce pronta, isto vai contra a natureza sexual dos gêneros, isto vai contra as leis naturais, tanto o homem, quanto a mulher são peregrinos de igual forma e o chão pisado seja este florido ou ensangüentado, e este caminhar dentro de uma trilha específica (religiosa) é o que chamamos de jornada, de peregrinação na Bruxaria Tradicional.
Quando falamos em Bruxaria focamos nos mitos europeus, na saga de Thor e Loki, de Hades e Perséfone, de Lugh e Morrighan, estas mitologias fazem parte da visão de mundo na qual a Bruxaria nasceu, estas são as provas ancestrais de um caminho antigo e sagrado, preservados tanto na mitologia como nas crenças populares, que embora mesmo com as distorções cristãs sobrevivem no imaginário e nos relatos acadêmicos.
Não entraremos nas questões da igreja católica e nem no protestantismo, pois estes não falam propriamente sobre bruxaria, apenas marginalizam toda sociedade que desafia seus preceitos religiosos dando aos mesmos não o direito de escolherem serem chamados de bruxos, mas os enfiando garganta abaixo o que eles acreditavam como culto do demônio, um significado que foge totalmente a base pagã, portanto um bruxo na visão cristã foge totalmente a definição original da palavra.
Bruxaria deriva exclusivamente do Paganismo, embora o termo bruxariaS (1) advenha do Catolicismo, sendo assim um mal cristão pode fazer bruxarias e assim receber o título de herético pelas leis de Roma.
Conclusão
Temos colocado em discussão alguns conceitos que vem sido seguidos sem nenhuma investigação cientifica, por vezes colocado como um dogma, por vezes afirmações genéricas diante de casos históricos específicos, e por vezes um redirecionamento dos fatos por conta de crenças pessoais de autores de livros de entretenimento. A questão principal nos leva sempre ao estudo, respeitando as diferentes visões religiosas, porém abrindo o dialogo para outras fontes de estudo. Temos visto também grande influência moderna nas questões do feminismo, filosoficamente coesas, entretanto fogem aos estudos históricos acadêmicos, com isto deixamos claro que não discutimos crenças individuais, mas que devemos e podemos ser mais amplos do que temos visto, saindo dos cabrestos e nos tornando mais que crentes, nos tornando estudiosos e seres pensantes das crenças que buscamos seguir.
(1) Feitiçaria marginalizada contra os dogmas cristãos.
Cordialmente,
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