Ressaca

Imersa em meu oceano de emoções

Afogo-me em minha ressaca particular

O vento vem e anuncia as confusões em minha mente

Pensamentos atolados e desconcertados

Milhares deles ao mesmo tempo colidem...me agridem

E o tempo roda e roda e não sei mais por onde ir

Sem ritmo atropelo e perco o passo

Invado, me espalho entre aqui e o ali

E me pergunto “o que estou fazendo aqui?”

Descontrole conhecido que impulsiona minhas vontades

Rio deságua e sobrecarrega...

Empurra-me e me joga violentamente contra meus próprios muros

Muros que nem mesma eu sabia que construí, mas estão ai

E o peito arde, grita e gesticula querendo à superfície subir...

Escapar das ondas altas que estou a engolir

Buscando a razão da confusão instalada aqui

Foi por ter imposto o nosso fim?

Por ter arrancado ferozmente parte de mim?

Meu fluxo perdeu a direção,

Se espalhou e criou vida

Deixando esvair-se assim

E o que sobrou foi só essa tempestade e oscilações

Essa busca desesperada pelo preenchimento do enorme vazio

O excesso de céu pelo Sol que partiu

A falta de chão, pelos planos desfeitos

Acalma alma minha... dividida e contida

Temos muito a realizar por aqui ainda

Não podemos correr sem o tempo

Não podemos adiantar td e voltar pra casa

Há muito a aprender, a focar e solidificar

Acalma essa fúria desmedida

Controla tuas chamas que sufocam e tiram o ar

Suspenda o vôo

Lembre... discernimento

Deixe a dor se mostrar, aflorar e morrer...

Não amorteça,  não se envenene

Chore a tempestade, deixe a ressaca quebrar e destruir tudo

Aquiete os pensamentos... liberte os sentimentos...

Se deixe cair para poder recomeçar a levantar...

Permita-se...

Ache o equilíbrio perdido

O caminho pretendido

Chega de afoitamento...

Deixe o fogo queimar todo o tormento

E quando finalmente sentir que o silêncio lhe toca sem desespero

Encontre a força que se escondeu em meio a tantos devaneios