Ainda é teu o nome entre os espaços nos rascunhos mal traçados. Rabiscos perdidos entre a gaveta e a poeira debaixo da cama. Eu te guardo no leito para suportar o passar das horas nos outros cômodos da casa. Me embriago porque te sentir sã me rasga as entranhas e não te sentir de forma alguma me torna incoerente. É preciso sentir partes tuas para não fraquejar os joelhos, mas tu me faz em pedaços nessas palavras ditas pelo silêncio. Somos contradição em cada curva, meu bem. Nossos corpos estão ligados pelo toque que não demos. Te enxergo entre suspiros. Você me toca, me arde e me ganha em uma batalha que já está perdida desde o primeiro arfar dos pulmões. Seu rosto desaparece quando abro os olhos mas ainda sinto teu olhar na minha nuca em cada passo que dou para mais perto da estrada que não sabemos para onde nos levará. Sussurro teu nome entre um sonho e outro, um mantra inconsciente para lembrar da mancha vermelha sob as costelas. Sinto teus dedos em cada arrepio que a noite traz. Já é tarde e a hora da colisão está próxima. Há um mar escorrendo das minhas artérias e formando poça nos teus pés. Um corpo é a extensão do outro e sentimos hoje a dor de todas as vidas que tivemos incompletos. Não se prive dos afagos que meus dedos foram feitos para dar na tua pele.
Eu sei que são tuas as mãos que ninam minhas têmporas quando as olheiras já não aguentam o peso dos olhos.
E mesmo sem te ver Acho até que estou indo bem Só apareço, por assim dizer Quando convém aparecer Ou quando quero Quando quero!!! Quero que saibas que me lembro Queria até que pudesses me ver És parte ainda do que me faz forte E, pra ser honesto, Só um pouquinho infeliz...
Às
vezes acordo com vc nos pensamentos... Às vezes vou dormir com vc em meus
pensamentos... Às vezes vc simplesmente invade meus pensamentos, como agora!
com uma música, uma cena, com um pensamento bobo misturado com sorrisos de
orelha a orelha.
Você
esteve presente em muitos momentos im portantes da minha vida... agora que vc não está, estranhei, sabe...
pois minha vida deu aquelas guinadas outra vez. Busquei, relutei com a
ausência, mas assenti que era hora de passar por tudo mesmo sem vc... foi
estranho não ter retorno aos meus chamados... e mesmo assim, vc nunca me
invadiu tanto como nesse silêncio... era como se eu pudesse ou quisesse ouvi-lo
em meus pensamentos o tempo todo. Dando aquela força, aquela coragem e
companheirismo... dessa vez contei com minha voz, o que me surpreendeu ve-la
tão sua... ela no início me deu ódio, me deu desespero, me deu falta do que
dizer... mas também me deu serenidade... vc tem esse hábito de causar todos os
efeitos possíveis em mim, enfim... to aqui né... com base ou sem ela... to aqui
firme, levantando, construindo... acima de tudo com grande esperança de que td
caminhe pro melhor, que a escolha tenha sido a certa, que as perdas serão
insignificantes daqui um tempo quando perceber o quanto td aconteceu exatamente
como deveria ser.
Eu
brincava muito ao dizer que vc era a minha droga, que era dependente de suas
doses diárias... e acho que no fundo, realmente me viciei e me abster disso
tudo foi difícil, é tão difícil... pq chegar perto de vc hj em dia trás um
frenesi e um mal estar ao mesmo tempo... pq sinto falta de td que já fomos, das
coisas como eram... de como vc me fazia sentir... e naquele desespero
conhecido, tremulo e vazio te busco desesperadamente, busco o muito que sobrou
de vc em mim, comigo afinal, estar com vc, me faz estar mais próxima de mim, do
que sinto, do que sou... e reencontra-lo hj em dia, não é mais como antes...
machuca... quando vc não age como espero, machuca... e não quero mais criar
expectativas com vc, pq ela estraga o "bem" maior que somos além
dessa vida, desse mundo... desse estado! Tudo mudou demais em nossa
comunicação, no dia a dia... não sou mais a "sua pessoa"... nem mesmo
conseguimos estar incluídos entre os nossos.... não sou mais aquela que vc
procura nas melhores e piores horas do dia... não to falando em pensamentos e
sintonias... o controlável... o "físico"... as coisas mudaram demais
e não mudaram nada ao mesmo tempo... ai que confuso é falar da gente... dessa
conexão... desse elo que não sabemos
como lidar... mas sabemos que ele existe.. que tá ali e da as caras
quando quer... sem a gente poder controlar. Sei que vc sente o mesmo... sei
como se sente... eu SEI, eu vejo... eu leio sua essência como se fosse a minha
própria e isso torna tudo tão confuso... como se vc de alguma forma me
"pertencesse" me
completasse... sem ao menos poder tocar o seu rosto ou sentir sua respiração..
apenas o calor que nos envolve ao saber que estamos por perto... pq mesmo
longe, vc é ponte para eu conseguir acessar alguém que eu sou... que gosto, mas
só sei despertar quando sinto amor por vc... qdo a felicidade é tão completa
que o resto é bobo e pequeno. Ao seu lado fica confortável... seguro...
conhecido.
A
maioria não entenderá esse sentimento e achará que to apaixonada... muito pelo
contrário. se tem algo que aprendi com vc, felizmente ou não, é que não é tão
fácil se apaixonar, muito menos se entregar a uma paixão. Vc é parte minha,
fato.
E
nossa paixão estragou nossa convivência .. Não admitir isso não me ajudará em
nada... sabe-se lá pq os deuses me fizeram essa pegadinha de colocar nós dois
nesse mundo assim, separados e unidos ao mesmo tempo... Tentar tirar vc da
minha vida também não deu certo... vão além de corpos que se cruzam, frases que
se completam, sensações que o vento leve e trás... vai além... muito além...
Já
desisti também de fazer dar certo, forçar... e mesmo quando a saudade bate e me
vejo ligando pra vc à 1h da manhã sem nem me dar conta de como disquei... de
mandar mensagens e pensamentos... toques e lembranças ao seu encontro...
compreendo que essa situação é parte de meus ensinamentos nessa vida.
Pensei
tanto nas coisas nesses últimos dias... o que me levaram onde estou... lembro
dos sonhos, das aventuras, das certezas mais incertas da minha vida... e o que
posso concluir é que pelo menos estou tentando ser cada vez melhor...
Ontem,
encaixotando as coisas para a mudança,
deparei com meu passado... minhas faces, meus eus guardados em pedaços de
papel, em fotos, cartas, musicas... essência!
Li
pedacinhos de papeis amarelados, li cartas de amor escritas com uma inocência
que hj em dia não creio mais existir em nenhuma das partes envolvidas... vi nas
entrelinhas delas, sentimentos que na época que recebi não entendia, ou mesmo
não valorizava como hj sou capaz de fazer... Tantos namoradinhos, amores,
paixões e amigos que hj em dia se tornaram uma sinfonia, daquelas em que
ouvimos raramente me nossas vidas. Mas apreciamos nota por nota.
Vi
ali naquela caixa, escolhas... tantas escolhas... tantas decisões... vivi um
pouco de cada uma, de cada tempo e acontecimento... a família, os amigos, o
teatro, as paixões, os amores... era tão fácil se apaixonar e hj em dia algo
dentro de mim, me diz que é pouco provável... ora penso: Será que me fechei?
Será que um dia me apaixonarei outra vez? Ai outra parte minha vem e diz que
isso esta incutido no papel de amadurecer... por isso a paixão não é tão fácil
quanto na adolescência... talvez eu olhe as pessoas de outra forma, talvez eu
espere demais delas... talvez apenas não seja pra acontecer... Li também as
poesias, como fluíram fácil do meu ser as palavras... os versos... será que
isso também secou? ou simplesmente tenho menos tempo vago pra filosofar? Não
sei como ter certeza dessas coisas...
Vi
fotos revivi cenas... imaginei outras, pensei em procurar alguns nomes, pessoas
pela internet ou em antigos endereços... então descartei a idéia... afinal,
aquilo tá em um baú, passou... pq é tão difícil pra mim aceitar que acabou, que
passou? mas deu curiosidade em saber como estão aquelas pessoas que já foram o
meu mundo, meus queridos.
Então
me deparei com meus fantasmas atuais, pelo menos com onde td aquilo começou...
cartas e juras de amor daquele que foi o homem da minha vida, meu marido, meu
melhor amigo e hj é uma pessoa que precisei desesperadamente ficar longe a
ponto de um dia para outro mudar toda minha vida, só pra não deixar o ódio
estragar todas as lembranças de uma vida a dois. Não fugi dos problemas como
uns dizem, não estou tentando punir ninguém como outros estão pensando, apenas
abandonei o direito de odiar, e preferi manter minha alma em paz e lembranças
boas do que já vivemos. Às vezes pensar na morte não é tão dolorido como ter
que matar alguém em nós em vida... pode parecer cruel, mas é a mais pura
realidade... o ser humano tem o dom de destruir os sentimentos mais belos
existentes no mundo.
A
mágoa que to tentando dissipar do que houve em nosso último encontro, não será
alimento... meu caminho será sim, o de beleza, e mesmo que eu caia e me rasteje
por ele, serão em flores e grama fresca que fixarei meus olhos cansados.
Tantos
amigos já se passaram em meus trintas e tantos anos... pessoas que já foram
motivo dos meus sorrisos, das minhas lágrimas, das minhas decepções... dos meus
apegos e desapegos... amigos que confidenciei minha vida, meus segredos, meus
desajustes... minhas alegrias e êxtase por estar tão viva... deparei com a
morte levando um deles, uma morte brutal, um assassinato tão absurdo quanto à
saudade de alguém que vem me visitar em espírito... alguém que me mostrou mesmo
em outra dimensão a me conhecer e a entender o que sou o que procuro e como
buscar o que quero. Arthur querido, vc foi o melhor! Em todos os sentidos...
obrigada por aprender comigo e me ensinar mesmo hj, depois da sua morte.
Falando
ainda de amigos e amores, como não pensar naquele que me imaginei envelhecendo
ao lado... "caçando" no astral, aquele que acessou novos mundos e
magias ao meu lado... aquele que compartilhou algo comigo, mesmo sem querer ou
entender essa aproximação com que ele não sabe lidar... entramos em lugares que
não devíamos, conhecemos seres surpreendentes, nos apoiamos... aprendendo na
raiz o que é viver... como não deixar a saudade me envolver de vc nesse relato
inesperado? Como não lembrar de todas nossas conversas na madrugada, nossos
encontros e desencontros... nossa união tão sincera e tão destrutiva... tamanha
entrega que foi aquilo... afinal, tinha encontrado finalmente alguém que via o
mundo com os mesmos olhos que eu... alguém que foi embora, mas me deixou outro
presente, outro grande amigo, irmão que hj é um dos meus tesouros... meus
gêmeos de coração... pedaços do meu coração.
Haja
sagitarianos nessa vida! Haja idas e vindas de vcs na minha vida... haja amor e
espaços nesse ser que eu sou, completa por todos vcs. com seus jeitinhos
respectivos...
Ok,
hora de fechar a caixa de “pandora”, guardar os gritos e seguir com a
mudança... focar lá frente e tentar não arrastar o passado
desnecessariamente...
Hora
de começar do zero mais um vez... Hora de descobrir mais uma vez uma nova parte
de mim, do que farei, do que aprenderei. E é nesse momento de pura hibernação
que me entrego ao amor, ao que ficou de bom, ao que será melhor... e que o
vazio possa preencher tantos espaços importantes da minha vida.