Ainda é teu o nome entre os espaços nos rascunhos mal traçados. Rabiscos perdidos entre a gaveta e a poeira debaixo da cama. Eu te guardo no leito para suportar o passar das horas nos outros cômodos da casa. Me embriago porque te sentir sã me rasga as entranhas e não te sentir de forma alguma me torna incoerente. É preciso sentir partes tuas para não fraquejar os joelhos, mas tu me faz em pedaços nessas palavras ditas pelo silêncio. Somos contradição em cada curva, meu bem. Nossos corpos estão ligados pelo toque que não demos. Te enxergo entre suspiros. Você me toca, me arde e me ganha em uma batalha que já está perdida desde o primeiro arfar dos pulmões. Seu rosto desaparece quando abro os olhos mas ainda sinto teu olhar na minha nuca em cada passo que dou para mais perto da estrada que não sabemos para onde nos levará. Sussurro teu nome entre um sonho e outro, um mantra inconsciente para lembrar da mancha vermelha sob as costelas. Sinto teus dedos em cada arrepio que a noite traz. Já é tarde e a hora da colisão está próxima. Há um mar escorrendo das minhas artérias e formando poça nos teus pés. Um corpo é a extensão do outro e sentimos hoje a dor de todas as vidas que tivemos incompletos. Não se prive dos afagos que meus dedos foram feitos para dar na tua pele.
Eu sei que são tuas as mãos que ninam minhas têmporas quando as olheiras já não aguentam o peso dos olhos.
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